» Professor de Educação Infantil

Na Educação Infantil, a sala de atividades deve ser organizada para proporcionar às crianças um ambiente seguro e instigante, onde elas tenham acesso aos brinquedos, livros de história, jogos pedagógicos, materiais de expressão artística, entre outros.

Os cantinhos de escritório, da feira, do consultório médico, da casinha, do estacionamento, do mecânico, da escola, da loja, da quitanda, do supermercado, do pet shop, do cabeleireiro, do banco, da lanchonete ou restaurante, do acampamento, do conserto de eletrodomésticos, da lavanderia, da floricultura, da dobradura, pintura, modelagem, da costureira, da confeitaria, da pizzaria, da praia e tantos outros, são organizados de forma que as crianças tenham desafios e propostas diversificadas que proporcionem a construção da sua autonomia e a expressão do seu conhecimento de mundo pela linguagem do brincar.

As crianças podem participar ativamente da organização desses espaços, que são modificados conforme o planejamento e interesse do grupo.

Assim, a organização da sala de atividades em cantinhos também é planejada e organizada de maneira intencional para promover o desenvolvimento e a aprendizagem de meninos e meninas de 0 a 6 anos.

Portanto, para organizar os cantinhos, podem ser utilizados materiais existentes, improvisados ou construídos. Então, teclados ou telefones em desuso, máquinas de datilografia, caixas arrumadas como se fossem arquivos, transformam-se em material para o cantinho do escritório; embalagens vazias transformam-se em produtos para os cantinhos de supermercado, loja, cabeleireiro e outros; ursos de pelúcia e outros animais emborrachados podem ser os animais de um pet shop; roupas de boneca ou outras roupinhas são um material interessante para uma lojinha ou lavanderia; eletrodomésticos que não funcionam são a  matériaprima para uma loja de consertos; papéis de diferentes tamanhos e cores compõem cantinhos da escola, da pintura, do desenho, da  colagem e do banco (neste caso, atribuindo valores).

A construção de materiais que irão compor os cantinhos pode ser uma forma lúdica e bastante rica de planejar com as crianças. O que importa, nesse trabalho, são a criatividade, a disposição e o entrosamento do grupo para a elaboração e construção dos cantinhos, que as crianças adoram pela autonomia que proporcionam e pela valorização de sua capacidade de participar efetivamente da organização dos espaços de brincar e aprender.

O professor pode, então, refletir: Quais cantinhos posso organizar nas turmas? Com o material que tenho em sala, o que posso fazer? Qual material tenho disponível? Que tipo de material posso improvisar? Quais objetivos quero alcançar com esses cantinhos? Quanto tempo os cantinhos podem permanecer na sala de atividades? Quais objetos podem compor os cantinhos de faz-de-conta e qual o cuidado na seleção desses materiais? Quais materiais posso indicar para serem adquiridos pela escola com a verba da descentralização? Como a organização do tempo didático contribui na construção de cantinhos?

A sala de atividades, de modo geral, é composta de mesas e cadeiras, quadro-de-giz, armários, mesa do professor e cadeira. Com a implantação das turmas de Educação Infantil, o cabideiro, o espelho e o cantinho da literatura são objetos e espaços que podem ser incorporados ao layout da sala.

Tapete emborrachado e almofadas para rodas de conversa e leituras, prateleiras baixas e acessíveis, material para brincadeiras de faz-de-conta, caixas organizadoras, cabideiro para guardar os pertences das crianças e espelho, que é fundamental para o desenvolvimento da identidade corporal das crianças. O importante é compor um ambiente que proporcione fácil circulação às crianças e que elas possam exercitar sua autonomia diariamente. A mesa do professor nem sempre é necessária, pois na Educação Infantil o professor está constantemente em contato direto com as crianças, acompanhando e participando de suas atividades. Nesses casos, um armário é suficiente para guardar pertences pessoais e outros materiais do professor.

Dessa forma o professor pode aprofundar algumas questões como, por exemplo: Quais móveis e objetos são imprescindíveis na sala de atividades? Mesas e cadeiras podem ser utilizadas em uma brincadeira de faz-de-conta? Como? E os outros móveis e objetos? Existem objetos reciclados que podem ser utilizados em sala, por exemplo: diferentes potes podem servir de potes de encaixe, garrafas pet podem ser porta-lápis, etc. Como o flanelógrafo pode ser manuseado pelas crianças? Em que situação? Outros recursos podem também ser utilizados em sala como, por exemplo, o quadro com nome das crianças ou a chamada, o calendário, o gráfico com meninos e meninas, o calendário climático, a linha do tempo com registro das atividades, o quadro de ajudantes, o registro de características físicas e o do desenvolvimento da turma, o emocionometro ou quadro de humor, códigos de leitura (saída para banheiro; silêncio, estamos lendo, etc.), área para desenho e comunicação livre, organização de material coletivo, entre outros. Quais e como os recursos permanentes são utilizados em sala? Que outros recursos seriam interessantes e como poderiam ser utilizados em sala?

É importante destacar a necessidade de uma atenção especial às crianças nos momentos de trocas de espaço ou de substituição do professor, organizando uma adaptação gradativa em que elas possam sentir-se mais seguras ao conhecerem novas pessoas e espaços, com sentimento de pertencimento ao ambiente escolar.

O pátio externo e o coberto são utilizados como uma extensão da sala de atividades. Podem ser explorados diariamente com as crianças, não apenas durante os horários de entrada, recreio, educação física e saída, mas para o desenvolvimento de diversas atividades planejadas, por exemplo: parque, música, jogos corporais, contação de histórias,  leituras, jogos simbólicos, jogos de regras de caráter coletivo e competitivo, cantinhos, cabanas, piqueniques, exposições, entre outras.

Como mostrar os diferentes espaços para a criança e refletir com ela sobre os que merecem maior atenção? Como organizar uma brincadeira de faz-de-conta no espaço externo? Uma atividade de desenho? Pintura? O que explorar no espaço que não é o da sala? Quais projetos podemos desenvolver onde o espaço é o ponto de partida, por exemplo: banheiro, uso do bebedouro, separação do lixo, circuito de desafios motores,  horta, jardinagem e culinária?

Ao longo da vida, passamos por situações diversas que demandam uma série de adaptações com relativa constância. Na infância, os momentos de adaptação são marcados pela entrada na escola, pela troca de professores e/ou turma ou pela mudança de instituições.

Outros fatores que necessitam de especial atenção quando a criança chega à escola são a mudança na rotina, os novos hábitos, o vocabulário e o tipo de comunicação específicos da rotina escolar, e a nova relação com adultos que não fazem parte da família.

Para algumas crianças, esses momentos geram grande insegurança, ansiedade e medo, sendo comum elas pensarem: Como é a escola? Quem é a professora? Como funciona? Quem são as outras crianças? O que vamos fazer neste espaço? Onde fica a família enquanto eu estou aqui? Será que alguém vem me buscar? Quando?

São muitas as dúvidas que geram dificuldade na criança em adaptar-se, enquanto ela ainda não tem as respostas. Muitas crianças passam pelo mesmo processo, às vezes com lágrimas, outras, não. Para a escola, é fundamental compreender as crianças, acolhê-las e elucidar suas dúvidas, tratá-las com a verdade, não garantindo coisas que não sabe ou que não serão cumpridas. Manter um diálogo franco, aberto e atencioso com a família ajuda muito a baixar a ansiedade das crianças, pais e profissionais!

A família será a grande parceira nessa fase. Ela deve ser esclarecida antecipadamente sobre como será esse processo, como poderá  contribuir e proceder com a criança. A adaptação também ocorre para e com a família que necessita de atenção e contém informações que precisamos saber a respeito da criança, do seu grupo familiar e da comunidade em que está inserida, favorecendo uma relação de confiança.

O profissional da educação deve ser paciente, saber colocar-se no lugar da criança, lembrando que acima de tudo deve manter aberto um canal de comunicação. Expressar-se através do olhar acolhedor e uma postura afetiva são procedimentos que aproximam profissionais e crianças, criando uma atmosfera de confiança na escola.

Observemos que a criança ficará afastada do ambiente familiar, seja por um período de 4 horas ou por um período integral e, isto pode causar ansiedade, insegurança e medo do incerto. A família com disponibilidade poderá buscar a criança antecipadamente, de forma que,  gradativamente, seja ampliado o seu tempo escolar.

O planejamento nas primeiras semanas também precisa ser flexível, de modo a possibilitar alterações necessárias, considerando as reações das crianças e, de preferência, estar voltado à familiarização delas entre si, delas com a sala de atividades e materiais, com os demais espaços e profissionais da escola, para que aos poucos se sintam seguras e saibam locomover-se, situar-se, utilizar os diferentes espaços com autonomia.

Como a escola pode se organizar para receber as crianças no início do ano? Como desenvolver um projeto que envolva todos profissionais da escola? Como seria esse projeto? Quais atividades poderiam ser desenvolvidas? Qual seria a participação da família? O que a escola pode programar para as crianças? Quanto tempo duraria esse programa ou projeto? Quais atitudes podem contribuir para manter uma boa relação escola, família e crianças durante esta fase? Quais saberes temos que considerar para compreender a criança nesta fase?

Qual o perfil do professor para atuar na Educação Infantil?

Compreende-se como importante característica do profissional de Educação Infantil a busca constante em aprender sobre o desenvolvimento da criança, sua forma de ver e sentir o mundo, oportunizando a ela manifestar suas idéias, sua linguagem, seus sentimentos, sua criatividade, suas reações, relações sociais e a sua imaginação.

Na ação pedagógica, o professor deve compreender o brincar como estratégia permanente da prática educativa, oportunizando um ambiente com espaços e materiais organizados que propiciem desafios e diferentes manifestações infantis, potencializando sua expressão por diferentes linguagens.

Ao planejar e agir, o professor deve possibilitar que o acesso ao conhecimento do mundo seja significativo para a vida da criança, valorizando suas origens e cultura.

Uma boa interação, um trabalho conjunto com outros profissionais e a relação entre o cuidar e educar de maneira responsável, que reconheça a criança como um ser inteiro, são características que o professor deve cultivar de maneira ética, com respeito mútuo na relação dele com os demais profissionais, crianças e famílias.

Ressalta-se aqui que a busca constante de aprimoramento deve ser sua meta profissional, tendo a formação continuada, os conhecimentos e experiências já adquiridos, como pano de fundo para maior fundamentação e enriquecimento de sua prática.

O profissional deve manter um espaço de diálogo aberto para troca de idéias, coletando elementos em suas reflexões para rever suas ações e crenças, reconhecendo que não existe neutralidade no fazer pedagógico, que, aliado a uma boa fundamentação teórica por meio de cursos, leituras, investigação e pesquisa, faz a diferença qualitativa em sua prática educacional.

O  estagiário na turma de Educação Infantil tem o papel de apoiar o professor regente no trabalho desenvolvido com as crianças, de modo que as ações de educação e cuidado aconteçam integradamente. Assim, poderá atuar tanto nos momentos de conversa, de troca de idéias e de sugestões junto ao professor, quanto:

• na organização e preparo de materiais diversos (pincel, tinta, brinquedos, etc.) para a realização das atividades em sala e espaços externos;

• no acompanhamento da realização da proposta, bem como na orientação das crianças sobre o uso adequado dos materiais;

• na participação e orientação em jogos e brincadeiras com as crianças;

• no acompanhamento da turma em caso de substituição do professor regente;

• na organização da turma para o lanche;

• no acompanhamento e orientação das crianças sobre higiene pessoal e uso dos sanitários.

Ressalta-se que o estagiário não deverá, em hipótese alguma, substituir o professor regente em suas atribuições.

Como avaliar as crianças da turma de Educação Infantil?

A avaliação é compreendida como um processo contínuo, tendo sempre como referência a criança com ela mesma, sem comparações ou objetivos classificatórios e promocionais.

O objetivo principal do processo avaliativo é o de servir para que o professor reveja suas intervenções e sua prática, mantendo um registro do desenvolvimento e das aprendizagens das crianças, focando sempre seus progressos, necessidades e experiências vividas.

Com esse material de pesquisa, o professor deve compreender o processo de desenvolvimento infantil de forma integral, com o entendimento de que a criança está em constante processo de aprendizagem e desenvolvimento.

A escola precisa encontrar instrumentos de avaliação e de registro que possibilitem acompanhar o desenvolvimento da criança em seu tempo, sem comparações ou expectativas falsas, aprendendo através de um olhar sensível e abrangente como desenvolver este processo de avanços progressivamente alcançados, descobrindo seu percurso, conquistas e curiosidades na relação da criança/criança, criança/família e criança/adulto.

A avaliação em uma dimensão formadora considera a criança um sujeito integral, como já situado e não fragmentado, que apresenta um caráter de desenvolvimento único na busca de suprir suas necessidades pessoais e de grupo.

A avaliação realizada está coerente com a concepção ou deve ser superada? Quais registros podem ser utilizados além de desenhos, recortes, fotos, filmagens e anotações? Qual saber utilizar ao avaliar a criança com ela mesma e qual concepção de avaliação está posta neste saber? Quais instrumentos avaliativos podem ser usados sem que a avaliação seja classificatória e comportamental?