» ARTE CONTEMPORÂNEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Luzita de Faria

A potência do faz de conta para vôos da sensibilidade e mergulho da imaginação criadora.
Poderoso faz de conta. Brincar de encontrar a própria potência.
“Vamos brincar com aqueles brinquedos (retalhos de madeira) que dá para inventar tudo que a gente quer.â€
A imaginação é nosso maior patrimônio, nossa
potência em plena atividade.
No faz de conta o mundo são possibilidades+possibilidades+possibilidades.
Podemos inventar as possibilidades que queremos.
Tempo de brincar de faz de conta, tempo de ser criança para aprimorar a experiência.
No faz de conta a criança astronauta vai à Lua, mas também realiza uma jornada dessa proporção em direção ao seu interior.
Tempo de brincar de faz de conta, tempo de ser criança e viver plenamente o casamento próspero entre fantasia e realidade.
Exercitar a imaginação infinita repleta de sutilezas.
Tempo de brincar de faz de conta, tempo de ser criança e CRIAR sentidos inusitados a partir de sua experiência de vida e curiosa observação de seu encontro.
Tempo de brincar de faz de conta, tempo de ser criança e experimentar muitos papéis, crescer e amadurecer.
A imaginação que brinca precisa ser nutrida pela experiência.
“…Somente o sujeito da experiência
está aberto a sua própria transformação…
A experiência não é o caminho até
um objetivo previsto, até uma
meta que se conhece de antemão,
mas é uma abertura para o
desconhecido, para o que não se
pode antecipar e nem “pré –verâ€,
nem “pré-dizer  Larrosa Bondía
Tempo de brincar de faz de conta, tempo de ser criança e encontrar um MUNDO dentro de um brinquedo.
Tempo de brincar de faz de conta, tempo de ser criança e COMPARTILHAR os muitos tesouros que guarda dentro de si.
Brincamos por DENTRO. A imaginação é imaterial, então pode ocupar o espaço que quiser. É nosso maior patrimônio. Se você tem imaginação. Salta o horizonte. As crianças escolhem o que brincar, respondem muito bem à pergunta que elas mesmas fazem cotidianamente. Vamos brincar de quê? Com quê? Onde? Entretanto o rumo da direção da brincadeira é sempre um universo desconhecido a desvendar.
O adulto pode alimentar o brincar da criança, mas nunca conduzi-lo, este é um espaço por excelência de autonomia infantil.
Faz de conta:
• espaço de liberdade e autoria;
• Vivência marcada pelo processo;
• Universo imaginário inspirado na cultura;
• Relação e interação de vínculos.
O faz de conta sempre existiu? (ELKONIN – 1904/1984 inspirou-se em Vigotski e Leontiev)
OBSERVATÓRIO LÚDICO:
Vamos olhar para os contextos de brincadeiras para alargar as possibilidades lúdicas?
• Vamos brincar de encontrar a enorme potência que somos?
• Vamos inventar com o que temos?
• Vamos brincar de abrir-se para novas maneiras de ver o mundo?
• Vamos brincar de encontrar brinquedo em tudo?
• Brincar de experimentar novos papéis, ampliar nossas “reservas da imaginaçãoâ€.
• Vamos encontrar a imaginação que brinca para re-significar o mundo.
JOGOS SIMBÓLICOS
MUNDO DA REALIDADE
Quando a criança atua como personagem.
MUNDO DA FICÇÃO
Quando a criança atua como fantasia
ACERVO LÚDICO
BRINQUEDOS RELACIONADOS AO MUNDO REAL
BRINQUEDOS RELACIONADOSAO MUNDO DA FICÇÃO
O território da criança é o espaço da expansão da Imaginação, da experimentação, da criação que nunca se acomoda e sempre quer novos desafios e aprofundamento no que já conhece.
Conseguimos adentrar neste território infantil e reinventar nossa prática constantemente?
ORGANIZAÇÃO DE AMBIENTES PARA O FAZ DE CONTA
IMAGINAÇÃO, INTERAÇÃO E CONHECIMENTO
• Criação de contextos para aprofundamento do jogo simbólico e maior contato com a natureza.
• Como a organização do espaço pode surpreender a imaginação da criança?
“Tudo que não invento é falso.†(Manoel de Barros – poeta – 1916/2014)
“O BRINQUEDO MORA DENTRO DA CRIANÇA E DOS ADULTOS QUE SE DISPÕEM A ENCONTRÃ-LO.†Saul Steinberg –desenhista – 1914/1999
ESTÉTICA
“AISTHESISâ€
FACULDADE DE SENTIR
COMPREENSÃO PELOS SENTIDOS
CONHECIMENTO SENSÃVEL
SABER SENSÃVEL
Mais do que nunca, é preciso possibilitar ao educando a descoberta de cores, formas, sabores, texturas, odores…
Diversos daqueles que a vida moderna lhe proporciona. Ou, com mais propriedade, é preciso educar o seu olhar, a sua audição, seu tato, paladar e olfato para perceberem de modo acurado a realidade em volta e aquelas outras não acessíveis em seu cotidiano.
O que se consegue de inúmeras maneiras, incluindo aí o contato com obras de arte.
ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Princípios estéticos: valorização da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
“O trabalho pedagógico na unidade de Educação Infantil, em um mundo em que a reprodução em massa sufoca o olhar das pessoas e apaga singularidades, deve voltar-se para uma sensibilidade que valoriza o ato criador e a construção pelas crianças de respostas singulares, garantindo-lhes a participação em diversificadas experiências.†(BRASIL, 2009, P.8-9)
CEM LINGUAGENS
Creio que se trata de uma atitude cotidiana, uma relação empática e sensível com o meio, um fio que conecta e ata as coisas entre si, um ar que leva a preferir um gesto a outro, a selecionar um objeto, a eleger uma cor, um pensamento, escolhas nas quais se percebe harmonia, cuidado, prazer para a mente e para os sentidos. A dimensão estética pressupõe um olhar que descobre, que admira e se emociona. É o contrário da indiferença, da negligência e do conformismo.
(VEA VECHI – EDUCAÇÃO E ARTE EM REGGIO EMILIO)
PRINCÃPIOS ESTÉTICOS
1. A escola é um ambiente estético habitável.
 Concepção de aprendizagem e do desenvolvimento das crianças como um motivo de prazer.
 A qualidade do espaço ambiente
2. Construir pedagogia é sonhar a beleza do insólito.
 O ateliê.
 A metáfora.
3. Educar supõe desenvolver as capacidades narrativas da sedução estética.
 A criatividade das cem linguagens de Loris Malaguzzi.
 A documentação.
LORIS MALAGUZZI
A criança é feita de cem /A criança tem cem mãos/ cem pensamentos/ cem modos de pensar/ de jogar e de falar/ Cem sempre cem/ modos de escutar/as maravilhas de amar/Cem alegrias/ para cantar e compreender/ Cem mundos/ para descobrir/ Cem mundos/ para inventar/ Cem mundos/ para sonhar/ A criança tem/ cem linguagens/ (e depois cem cem cem)/ mas roubaram-lhe noventa e nove/ A escola e a cultura/ lhe separam a cabeça do corpo
O número cem é provocador, a fim de reivindicar para todas essas linguagens não só a mesma dignidade, mas também o direito de comunicação de umas com as outras. Isso representa um diálogo, uma interconexão e pode auxiliar cada linguagem a se tornar mais ciente de sua própria especificidade e dar suporte à conceituação e à dignidade das outras. Por exemplo, quando se desenha, dá sustentação não apenas à linguagem gráfica, mas à verbal também, porque você aprofunda o conceito. E quando o conceito é aprofundado, as linguagens são enriquecidas – processo permanente. Em verdade, o cem é uma simbologia. Cada criança tem infinitas formas de manifestação própria e, consequentemente, cem linguagens comunicativas.
Expressar-se artisticamente também é manifestar-se por meio de suas linguagens
A ESCOLA É UM AMBIENTE ESTÉTICO HABITÃVEL
ESTRATÉGIAS:
• Concepção de aprendizagem e do desenvolvimento das crianças como motivo de prazer.
• A qualidade do espaço-ambiente.

AMBIENTE E ESPAÇO
“(…)Um ambiente é um espaço construído, que se define nas relações com os seres humanos por ser organizado simbolicamente pelas pessoas responsáveis pelo seu funcionamento e também pelos seus usuários.†(BARBOSA,2006, p.119)
O espaço físico, por sua vez, é o lugar de desenvolvimento de “(…) múltiplas habilidades e sensações e, a partir da sua riqueza e diversidade, ele desafia permanentemente aqueles que o ocupam. Esse desafio constrói-se pelos símbolos e pelas linguagens que o transformam e o recriam continuamente. (BARBOSA, 2006, P.120)
HABITAR
Parece que é possível habitar o que se constrói. Esse, o construído, tem aquele habitar como meta. Mas nem todas as construções são habitações. Uma ponte, um hangar, um estádio, uma usina elétrica são construções e não habitações, a estação ferroviária, a autoestrada, a represa, o mercado são construções e não habitações.
Essas várias construções estão, porém, no âmbito de nosso habitar, um âmbito que ultrapassa essas construções sem limitar-se a uma habitação. Na autoestrada, o motorista de caminhão está em casa, embora ali não seja sua residência. Na tecelagem, a tecelã está em casa, mesmo não sendo sua habitação. Na usina elétrica, o engenheiro está em casa, mesmo não sendo ali sua habitação. Essas construções oferecem ao homem um abrigo.(HELDEGGER, 1954, P.1) Filósofo, Compreensão da Ética enquanto morada e habitação
ARTE EDUCAÇÃO
Mudança de paradigma:
Concepção de educação baseada na arte do passado para uma educação em arte baseada na arte de futuro.
Concepção de educação baseada num produto final para uma educação baseada no processo.
Concepção de uma educação baseada na reprodução para uma educação que investe nas interações e brincadeiras, nas culturas infantis e no protagonismo compartilhado.
Concepção de educação baseada em práticas tradicionais, para uma educação que investe em práticas contemporâneas.
ARTE CONTEMPORÂNEA
O ensino deve estar conectado ao seu tempo. Se pensarmos na produção da arte contemporânea os mais variados aspectos da vida ressoam nas poéticas dos artistas (…) tudo é assunto para a arte. A arte, como todas as outras áreas, permeia o dia a dia da criança. (BARBIERI, 2012, P.25) INSTALAÇÕES/ARTISTA PLÃSTICA DA ESCOLA VERA CRUZ S.P./CONSULTORA
RICHARD SERRA
(CONSIDERADO UM DOS ARTISTAS MAIS IMPORTANTES DO PÓS GUERRA, ESCULTURAS EM AÇO)
RICHARD LONG
CAMINHAR É A ESTRUTURA DE SEU TRABALHO, LIGADO AO MOVIMENTO LAND ART (ARTE DA TERRA)
ANISH KAPOON
SIMPLICIDADE, TRABALHO COM UMA COR OU UMA COR BRILHANTE- ATUALMENTE TRABALHA COM ESPELHOS E SUA DISTORÇÃO DE IMAGENS
ARTE CONTEMPORÂNEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Através das práticas contemporâneas se argumenta sobre a necessidade de criar ações baseadas na ação corporal e nas transformações do espaço e dos objetos que fazem as crianças em suas vivências(…)
As formas de expressão da arte contemporânea situam a infância em contextos significativos onde se dá transcendência aos acontecimentos e descobertas que realizam, como uma forma de visualização do projeto de aprendizagem e são cenário idôneo para reconhecer suas capacidades de transformação obtendo prazer estético pelo todo.
PRÃTICA PEDAGÓGICA NO COTIDIANO INFANTIL
• Esteticamente organizado
• Significativo
• Prazeroso
• Desafiador
ESPAÇO
MATERIAIS
ARTÃSTICOS, ORGÂNICOS, DESCARTADOS
TEMPO
CHRONÓS, que designa a continuidade de um tempo sucessivo (passado, presente e futuro)
KAIRÓS, que significa “medidaâ€, “proporção†e, em relação com o tempo, ‘momento crítico, temporada, oportunidade’.
AIÓN, que designa, já em seus usos mais antigos, a intensidade da vida humana, um destino, uma duração, uma temporalidade, não numerável, nem sucessiva, intensa.