CONSULTORA: MARIA LUZITA DE FARIA (se copiar cite a fonte)
PÚBLICO ALVO: MATERNAL AO JARDIM 1
MÓDULO 1: O QUE É UM FANTOCHE?
O fantoche como coadjuvante do processo educativo
O fantoche é um recurso, significativo, para a “Contação de Histórias”. Utilizado com muita freqüência no ambiente escolar, é um excelente auxiliar na tarefa de contar histórias, facilitando para o educador, que encontra no boneco um meio físico, real de envolver as crianças, de forma mágica e lúdica. Pois, o fantoche é mais que um simples boneco, é a “personificação” do personagem que se torna algo real e concreto, que expressa emoções e sentimento através dos gestos e da voz de quem o manipula.
O fantoche é um objeto de expressão, tem função social, é um ser de comunicação, promovendo relações com o mundo interno, externo e com o outro. Os fantoches são em si provedores de diálogo (Santos, 2006 p.75). A construção da história pessoal que vai sendo medida e ampliada pelo outro. Para a criança que ouve é extremamente envolvente e mágico, já que este personagem parece realmente existir. Ela, então, entra no jogo da imaginação, rapidamente, acreditando que o fantoche tem vida própria, capaz de manter até um diálogo com o boneco por muito tempo, sem perceber ou dar importância para quem o manipula, ou seja, fica completamente absorvida pelo boneco, que em sua imaginação tem vida, é um ser.
Segundo Santos (2006,p.73) o fantoche é um objeto que transita entre o mundo interno e o externo da criança. Ele é um símbolo da intimidade de seu ser expresso em brincadeira. Assim, o fantoche tem alto valor pedagógico, criativo e terapêutico, pois, a criança tanto pode assistir a história, como pode manipulá-lo e dar vida àquilo que toca. A oralidade, nesse momento, tem fundamental importância e é com certeza desenvolvida em sua plenitude, pois é ela que garante a expressão de valores, sentimentos, emoções e criatividade de quem o manipula, seja o educador ou a criança.
Assim, o fantoche é um personagem criado pelo seu manipulador e todo personagem carrega uma história. Allessandrini (1996,p15), explica que a transposição para a linguagem verbal ocorre na perspectiva de “ressignificar” o processo em que a imagem interna sugere a criação de uma mensagem oral. O que confirma a afirmação de Matos (2006), que cada vez que uma história é contada, mesmo que por varias vezes, é única, pois o contador e a platéia nunca são os mesmos.
Lembre-se, cada momento é único, assim como cada história contada é única. Devemos emprestar ao fantoche nossas vozes e gestos, carregados de significados e afetos para chegarmos facilmente ao coração da criança, pois contar histórias é oferecer um presente. É se oferecer de corpo e alma para o outro.
Como contar histórias com fantoches
As historias de fantoches, são muito antigas e conhecidas mundialmente. Surgiu a muitos anos atrás, com os bonecos feitos de madeira, argila e marfim, operados através de uma barbante, já hoje dia são mais vistos dos de fantoches de pano.Esses tipos de historias são consideradas formas antigas de liberdade de expressão, podemos dizer também que esses fantoches são a antecipação do teatro que temos hoje, com pessoas se apresentando em um palco.
Requisitos necessários
Para você poder contar historias de fantoches, primeiro você precisa ter um ou fazer, um ou mais fantoches, dependendo de sua historia. Logo depois, vai precisar de algo, como se fosse um palco, para a apresentação dos fantoches, geralmente são usados um pedaço de madeira, onde se é recortado um parte retangular, que é como se fosse uma “janela”, de onde os fantoches saem e se apresentam.
Depois disso, terá que escolher um lugar adequado onde possa por esse objeto, pensando em sempre em um ambiente agradável, sem esquecer-se de quantas pessoas assistirão esse teatro, para que todos se acomodarem bem. Ao escolher o tema ou roteiro que será apresentado, pense primeiramente no grupo de pessoas que estarão assistindo, sem deixar de considerar sua faixa etária e o seu perfil.
Passo a Passo
Dicas
ALUNOS DO MATERNAL AO JARDIM I:
1º MOMENTO:
O professor pega os fantoches, senta-se no chão junto com as crianças e começa a contar a história, sempre modificando a voz para realçar o personagem. Aproveite para comemorar o dia dos avós.
Chapeuzinho Vermelho
Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho, que tinha esse apelido porque desde pequenina gostava de usar chapéus e capas desta cor.
Um dia, sua mãe pediu:
– Querida, sua avó está doente, por isso preparei aqueles doces que estão na cestinha. Você poderia levar à casa dela?
– Claro, mamãe. A casa da vovó é bem pertinho!
– Mas, tome muito cuidado. Não converse com estranhos, não diga para onde vai, nem pare para nada. Vá pela estrada do rio, pois ouvi dizer que tem um lobo muito mau na estrada da floresta, devorando quem passa por lá.
– Está bem, mamãe, vou pela estrada do rio, e faço tudo direitinho!
E assim foi. Ou quase, pois a menina foi juntando flores no cesto para a vovó, e se distraiu com as borboletas, saindo do caminho do rio, sem perceber.
Cantando e juntando flores, Chapeuzinho Vermelho nem reparou como o lobo estava perto…
Ela nunca tinha visto um lobo antes, menos ainda um lobo mau. Levou um susto quando ouviu:
– Onde vai, linda menina?
– Vou à casa da vovó, que mora na primeira casa bem depois da curva do rio. E você, quem é?
O lobo respondeu:
– Sou um anjo da floresta, e estou aqui para proteger criancinhas como você.
– Ah! Que bom! Minha mãe disse para não conversar com estranhos, e também disse que tem um lobo mau andando por aqui.
– Que nada – respondeu o lobo – pode seguir tranquila, que vou na frente retirando todo perigo que houver no caminho. Sempre ajuda conversar com o anjo da floresta.
– Muito obrigada, seu anjo. Assim, mamãe nem precisa saber que errei o caminho, sem querer.
E o lobo respondeu:
– Este será nosso segredo para sempre…
E saiu correndo na frente, rindo e pensando:
(Aquela menina não sabe de nada: vou deitar no lugar da vovozinha e comer todos os docinhos dela. … Uhmmm! Que delícia!)
Chegando à casa da vovó, o lobo bateu na porta:
– Vovó, sou eu, Chapeuzinho Vermelho!
– Pode entrar, minha netinha. Puxe o trinco, que a porta abre.
– o lobo entrou e prendeu a vovozinha dentro do armário, depois o lobo colocou a roupa e os óculos da vovó e se deitou no lugar dela.
Chegando à casa da vovó, Chapeuzinho bateu na porta:
– Vovó, sou eu, Chapeuzinho Vermelho!
– Pode entrar, minha netinha. Puxe o trinco, que a porta abre.
A menina pensou que a avó estivesse muito doente mesmo, para nem se levantar e abrir a porta. E falando com aquela voz tão estranha…
Chegou até a cama e viu que a vovó estava mesmo muito doente. Se não fosse a touquinha da vovó, os óculos da vovó, a colcha e a cama da vovó, ela pensaria que nem era a avó dela.
– Eu trouxe estas flores e os docinhos que a mamãe preparou. Quero que fique boa logo, vovó, e volte a ter sua voz de sempre.
– Obrigada, minha netinha (disse o lobo, disfarçando a voz de trovão).
Chapeuzinho não se conteve de curiosidade, e perguntou:
– Vovó, a senhora está tão diferente: por que esses olhos tão grandes?
– É para te olhar melhor, minha netinha.
– Mas, vovó, por que esse nariz tão grande?
– É para te cheirar melhor, minha netinha.
– Mas, vovó, por que essas mãos tão grandes?
– São para te acariciar melhor, minha netinha.
(A essa altura, o lobo já estava achando a brincadeira sem graça, querendo comer logo sua sobremesa. Aquela menina não parava de perguntar…)
– Mas, vovó, por que essa boca tão grande?
– Quer mesmo saber? É prá te comer!!!!
– Uai! Socorro! É o lobo!
A menina saiu correndo e gritando, com o lobo correndo bem atrás dela, pertinho, quase conseguindo pegar.
Por sorte, um grupo de caçadores ia passando por ali bem na hora, e seus gritos chamaram sua atenção.
O caçador amarrou o lobo e libertou a vovozinha do armário.
– Viva! Vovó!
E todos comemoraram a liberdade conquistada, até mesmo a vovó, que já não se lembrava mais de estar doente, caiu na farra.
O lobo mau já está preso. Agora tudo tem festa: posso caçar borboletas, posso brincar na floresta.”
2º MOMENTO:
3º MOMENTO
Agora deve-se partir para o momento de planejamento para que as crianças consigam desenvolver seu próprio teatro de fantoches.
Escolher a peça e decorá-la é fundamental, visto que as crianças desta faixa normalmente ainda não lêem.
Nesta fase ocorre a escolha do tema, escolha dos personagens, caracterização dos personagens e escolha do local para apresentação. Na fase da caracterização, a criança deve tentar descobrir sozinho como vestir os bonecos de acordo com o texto da peça.
Fase de execução
No ensaio, cada apresentador decora a parte do personagem que irá representar. Os ensaios devem ser realizados na presença de todas as crianças junto com o professor.
Na representação é onde ocorre a apresentação da dramatização já pronta e ensaiada.
Fase de avaliação
A avaliação deve ser considerada pelo professor uma forma de incentivo à atuação da criança. Nesta fase, as crianças revelam muito as características do seu eu, atitudes, comportamentos e habilidades. É a oportunidade que o professor tem de analisá-las, conhecendo-as melhor para auxiliá-las no processo educativo.
O professor deve avaliar no aluno as mudanças comportamentais dele, sua integração com o grupo levando em consideração, o desempenho da criança no desenvolvimento da apresentação da atividade.
Exemplo de peça sócio-educativa que pode ser usada nesta faixa etária:
O macaco e o coelho
( Em cena, um macaco e um coelho. )
Macaco: Vamos fazer um trato?
Coelho: Que trato?
Macaco: Eu só caço borboletas e você só caça cobras.
Coelho: Está bem. Isso é pra valer?
Macaco: Claro que é.
Coelho: Então vou dar umas voltas pela mata e ver se consigo caçar cobras.
Macaco: Eu vou primeiro. Nesta hora, a mata deve estar cheias de borboletas.
( O macaco sai. )
Coelho: Vou aproveitar e dormir até o macaco voltar.
( O coelho dorme e o macaco volta. )
Macaco: O coelho está dormindo. Vou aproveitar !
( Puxa as orelhas do coelho. )
Coelho: Que é isso? Quem está puxando minhas orelhas?
( O macaco ri. )
Macaco: Ah ! Ah ! Ah ! Desculpe, amigo ! Pensei que fossem borboletas.
( O coelho vai saindo e pára na ponta do palco. )
Coelho: Espera que terás de volta.
( O coelho sai, e o macaco dá umas voltas pelo palco e depois fica distraído olhando alguma coisa. O coelho vem devagarinho por trás dele, segurando um pau. Dá uma paulada no rabo do macaco. O macaco berra. )
Macaco: Ai, ai, ai ! O que você fez?
Coelho: Desculpa, amigo. Vi uma coisa comprida e torcida. Pensei que fosse uma cobra.
( Sai apressado. )
( O macaco fica gemendo enquanto a cortina fecha. )
Narrador: Foi desde aí que o coelho, com medo de o macaco vingar-se, passou a morar em buracos.