(O consumo nosso de cada dia!!!!!)
Engraçado como tenho percebido que minha fala e minhas atitudes estão desconexas. Outro dia minhas filhas foram ao mercado comigo, o que evito até porque não tenho tempo de ficar passeando, e disseram que foram ao shopping. Perguntei se não entendiam que aquilo era mercado e que shopping era um pouco diferente, a resposta me surpreendeu: – em ambos os lugares tem um monte de coisas para comprar. É verdade!
Qual a nossa concepção de shopping ou de compras? Para elas se tem coisas para vender, é shopping, se não tem, é passeio. Para mim shopping é passeio…
Falo para todos que não ensino minhas filhas a comprar, mas quando precisamos de algo corro ao shopping…
O fator que ajudará a criança a não se tornar um consumidor compulsivo, é a determinação e orientação dos pais. Pais que não têm limites provavelmente irão gerar isso nas crianças. E isso não tem nada a ver com ser rico ou pobre, o consumismo está em todas as faixas da sociedade. Cada vez mais, psicólogos são procurados por pessoas que não têm limites para o consumo, são compulsivos e não conseguem parar de comprar, endividando-se dia após dia.
O consumismo é tido pelos especialistas como um dos grandes problemas da vida moderna, pois não causam apenas transtornos financeiros, mexe também com o psicológico das pessoas. E são grandes causadores de depressão.
As caracterÃsticas de um consumista são as mesmas em qualquer lugar do mundo, eles compram para substituir ou compensar algum problema, como por exemplo, a saudade, da famÃlia, a perda de um ente querido, etc.
E como estamos tratando de crianças, devemos ensiná-las que não se pode ter tudo, e o bom é aprender isso desde cedo. Para se ter uma coisa, perde-se outra, a vida é assim. Não adianta querer dar tudo para uma criança porque mais cedo ou mais tarde, a vida vai ensinar isso e como a criança não está preparada vai sofrer muito mais.
Muitos pais confundem amor com ceder a todos os caprichos dos pequenos. É como se fosse uma forma de compensar, em alguns casos, a ausência diária, a falta de tempo de ficar com os filhos. Na verdade o que a criança está pedindo é atenção e carinho, e não presente. Por isso é comum uma criança receber o presente que tanto desejava e depois de poucos dias, desejar intensamente outra coisa. Desejam preencher um vazio que brinquedo algum tem capacidade de substituir.
Na era moderna, o Natal, a Páscoa e outras datas que deveriam ter um sentido mais bonito e verdadeiro, tornam-se uma época de intenso consumismo.
Os presentes e objetos que as crianças avidamente consomem, produzem um prazer rápido e superficial. A emoção torna-se instável e ansiosa. Passados alguns dias, perdem o prazer pelo que consumiram e procuram outros objetos para tentar satisfazê-las, gerando um mecanismo que tem princÃpios semelhantes com a dependência das drogas. A felicidade se torna uma miragem.
Depois, as crianças não estão preparadas para lidar com relações de consumo. A criança não deve ser alvo do mercado nem iniciada no mundo do consumo sem que seja educada para isso. Ou seja, a educação não é o consumo. Ela vem antes, justamente para que o consumo se transforme em um ato consciente e crÃtico.
A responsabilidade por uma boa educação deve ser de todos, compartilhada por uma sociedade que, se for mais saudável, forma pessoas melhores. Essa nova realidade exige reflexões profundas. Muitas vezes encontramos respostas na educação – conceito amplo e de responsabilidade compartilhada, que não se dá só em casa ou na escola, mas também nas ruas e nas diversas mÃdias
Cada vez mais vemos ações de marketing direcionadas ao público infantil. É uma forma de conquistar os pais por meio das crianças e também um caminho de fidelização desde cedo. A criança cresce com atitude positiva em relação à determinada marca devido ao percurso mercadológico desenvolvido que inclui a performance do produto tanto no ponto de venda (lojas, supermercados etc.) quanto em suas inúmeras formas de divulgação (publicidade, eventos, teatro, cinema, escolas etc.).
Questiona-se até que ponto a criança deve ser alvo desse tipo de mensagem. E avançando no debate, questiona-se o direcionamento de mensagens de produtos para adultos como produtos de limpeza, automóveis, produtos de higiene pessoal, entre outros.
Ensinar às crianças a diferença entre querer e precisar é um dos principais objetivos que devem perseguir os pais.
Pais devem estar alerta ao consumismo dos filhos. Segundo censo do IBGE no ano 2011, havia 30 milhões de crianças até nove anos de idade. De olho nesse número, o aumento da verba publicitária para esse público aumentou muito. E isso não é um fenômeno registrado apenas no Brasil, mas no mundo todo.
Para atrair esse público, as propagandas e os produtos ficam cada vez mais atrativos, utilizando-se imagens de atores famosos, personagens infantis, cantores, apresentadores, tudo isso para criar na mente da criança o desejo do consumo.
A criança é alvo de muitas empresas, pois conseguindo atraÃ-la desde cedo, possivelmente será o consumidor de amanhã. São conhecidos casos, por exemplo, de grandes redes que vendem perfumes, maquiagem, esmaltes, cremes, etc., criando clubes de relacionamento com crianças, querendo saber seus anseios, desejos, e assim criar um consumidor fiel.
A criança é mais suscetÃvel à propaganda, principalmente pela pressão do grupo em que está inserida, que muitas vezes é forte a ponto de ser irresistÃvel. Dentro das instituições, é comuns crianças que são lÃderes natas, que têm influência forte sobre as outras, ditarem moda, comportamentos, e muitas que não estão “dentro†são excluÃdas do grupo. Isso para a criança é uma pressão enorme.
É necessário que exista uma mudança de atitude. Precisamos mudar o estilo de vida. A partir disso, outra coisa será posto no lugar do consumo, que agora se constitui numa parte crÃtica e central da vida. Temos que substituir o consumo pela arte, pela beleza e pelas relações humanas.
DifÃcil, sim é muito difÃcil competir com Monster High, porém uma boa negociação e uma ida ao zoológico conhecer a fêmea de  hipopótamo que nasceu pode dar um grande resultado. Mais famÃlia e menos shopping. Mais passeios e menos mercado.
MARIA LUZITA DE FARIA
(PERMITIDA REPRODUÇÃO, DESDE QUE INFORMADA A FONTE)