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Cada ser humano é um indivíduo único, com anseios próprios, com seus sonhos, suas fraquezas, seu jeito de ver a vida. É um ser que precisa evidenciar o que ele tem de mais particular. Ele necessita se expressar, enfim. Ao mesmo tempo, o homem é um ser que precisa e gosta de viver junto com outros. Ele não basta a si mesmo, não é auto-suficiente. Vive em grupos, que constituem as várias comunidades em que as pessoas se organizam. É um animal social. Por isso, cada ser humano procura insistentemente seu lugar no mundo.

Carlos Drummond de Andrade, um dos nossos maiores poetas, fala disso com enorme propriedade num poema em que ele se desculpa de um dia ter dito que seu coração era maior que o mundo. Eis o início do poema:

Não, meu coração não é maior que o mundo.

É muito menor.

Nele não cabem nem as minhas dores.

Por isso gosto de me contar.

Por isso me dispo,

por isso me grito,

por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:

preciso de todos.

ANDRADE, C. D. de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Record, 1991. p. 173.