A estimulação das crianças nos primeiros anos de vida é fundamental, pois é nessa fase que ocorre a maior maturação do sistema nervoso central. Crianças que possuem carência de estÃmulos corporais e ambientais nessa fase podem apresentar dificuldades no decorrer de outros estágios do desenvolvimento. Sendo a escola um ambiente onde um grande número de crianças pequenas passa grande parte do seu tempo, a qualidade de seus serviços são cada vez mais tópico para discussão.
O sistema nervoso apresenta uma intensa evolução dinâmica nos primeiros anos de vida, devido aos processos de mielinização e diferenciação neuronal de suas estruturas. Esse crescimento acelera-se progressivamente ao nascimento e nos primeiros 24-36 meses de vida, sendo denominado de “perÃodo crÃtico†do desenvolvimento (PASCUAL, 1995). A crescente maturação do córtex cerebral promove a melhora das funções motoras, com aquisição do controle
motor e das habilidades motoras. Por outro lado, a prática motora também influencia o desenvolvimento da mielinização e da organização estrutural do sistema nervoso central, sendo a experiência e a repetição muito importantes nos mecanismos de maturação cerebral durante a vida extra-uterina (BARROS, FRAGOSO, OLIVEIRA et. al., 2003).
Portanto, o desenvolvimento do ser humano está subordinado a dois grupos de
fatores: os fatores da hereditariedade e adaptação biológica (maturação de certos tecidos nervosos, aumento do tamanho e complexidade do sistema nervoso central, crescimento de ossos e músculos) e os fatores ambientais (experiência e estimulação sensório-motriz, nutrição, condições sócio-econômicas e afetivas) (PIAGET, 1973).
Desta forma, a estimulação da criança desde sua mais tenra idade é fundamental.
Deve haver nesse perÃodo o máximo de satisfação de suas necessidades básicas. Pois, as crianças que possuem carência de estÃmulos corporais e ambientais nessa fase poderão apresentar dificuldades no decorrer de outros estágios do desenvolvimento, com risco de chegar ao perÃodo escolar com déficits acumulados em relação à s habilidades mÃnimas necessárias para
que possam adquirir novos comportamentos que delas serão exigidos (LAMPRÉIA, 1985).
Para Lampréia (1985) o atraso no desenvolvimento psicomotor das crianças em desvantagem, deve ser atribuÃdo, em grande parte, ao fato de terem crescido num ambiente carente de estÃmulos facilitadores dos mesmos.
As creches, no momento de sua concepção, possuÃam caráter puramente
assistencialista, constituindo-se basicamente em um lugar onde a criança recebia abrigo, alimentação e algum atendimento em higiene e saúde enquanto seus pais trabalhavam. De modo que essas instituições representavam um grande risco ao bom desenvolvimento infantil (MERISSE, 1997).
A partir da inclusão da creche no sistema educativo, através da Constituição de
1988 (BRASIL, 1988), a concepção de uma instituição voltada para uma ação educativa promotora do desenvolvimento infantil começa a ser valorizada. Desde então, aspectos como estimulação, interação, jogos, imitação, recreação, etc, passam a ser destacados como elementos fundamentais para o trabalho realizado em qualquer creche e para as famÃlias e crianças que se
utilizam desse serviço (BOFI, 2000).