PRINCÃPIOS BÃSICOS
Do ponto de vista de neurociência, porque o cérebro se forma muito cedo. Então, se a criança não recebe certos estÃmulos nessa fase em que se estabelecem certas conexões neuronais, ela dificilmente vai recuperar isso depois. Através de medições e imagens mais modernas, fica claro que é difÃcil que essa criança atinja o mesmo nÃvel de uma outra que foi submetida aos estÃmulos adequados.
A criança que vem de um lar em que os pais são educados, lêem em voz alta, dão estÃmulos lógicos e usam um vocabulário amplo, está muito mais preparada quando chega à escola do que uma criança que tem os pais analfabetos, poucos recursos em casa, não tem jogos, brinquedos. Isso é medido num trabalho do (James) Heckman e do Flávio Cunha: com 1 ano de idade, as diferenças são muito pequenas. Aos quatro anos, muito grandes, dependendo do nÃvel de renda.
Se esses estÃmulos são feitos dentro de casa, por uma mãe que dedica muitas horas à criança, e há muitos brinquedos que estimulam o desenvolvimento cerebral, essa criança se prepara melhor e já chega à escola em condições muito mais favorecidas. Se não se fizer essa intervenção mais cedo, as diferenças não diminuem.
O Brasil tem um número muito grande de crianças que vêm de famÃlias com baixa escolarização da mãe, dos pais em geral, e com baixo nÃvel de renda. A mãe é mais relevante, porque geralmente passa mais horas com as crianças. Então, fica muito difÃcil para o sistema escolar recuperar essa defasagem depois. Esse é o desafio maior no Brasil. Um paÃs como o nosso deve dar mais atenção a essas intervenções precoces.
Essas observações valem para crianças também de 4, 5 anos. Porque não tem uma idade precisa até ali. Depois de sete, oito anos, já começa a ficar muito tardio.
 Tem várias técnicas, várias propostas diferentes. Alguns especialistas, como o professor Heckman, fazem experiências para ver qual a idade, quantas horas, se você deixa a criança em casa e vai uma pessoa na casa ou se você leva a criança algumas horas por dia num centro, enfim, qual o método mais adequado. Deve-se estimular mais o sentimento, o que os economistas chamam de habilidades não cognitivas: a perseverança, a disciplina. Ou se é o caso de se estimular mais a descoberta, a inteligência, a criatividade.