MARIA LUZITA DE FARIA
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Em primeiro lugar, pais não se separam, quem se separa é o casal! Ninguém fala que está se separando porque não deseja mais a pessoa ou simplesmente cansou-se da relação. A desculpa na maioria dos casos que envolvem filhos é que não querem mais brigar na frente dos filhos ou vai ser melhor para as crianças.
Na verdade quando o casal se separa é porque a relação acabou, simples assim. O que temos que perceber é que pais não se separam, tem que compartilhar educação, carinho, casa e atenção.
A separação é um assunto difÃcil de ser tratado, pois surgem os mais variados sentimentos diante da mudança que irá acontecer na rotina de todos. Algumas separações ocorrem em condições amigáveis e isto amortece um pouco as perdas, já que existe o diálogo e o respeito predomina, porém em alguns casos a separação  é repleta de agressões verbais e sentimentos de hostilidade gerando um clima ruim e indisposição para os envolvidos.
Logo no inÃcio as dúvidas por parte de ambos surgem sem parar, como vai ser, ela vai me incomodar e não deixar eu ficar com as crianças? Vai falar mal de mim para as crianças? Será que ele vai pagar a pensão? Meu Deus, como vou pagar as contas?
Tem que ficar claro desde o inÃcio quem paga o que e se vai haver algum processo de pensão.
Para as crianças é um universo totalmente novo.
A fantasia é parte do mundo infantil e a criança usa a fantasia para se proteger nestas situações. Podem imaginar diversas coisas que pode ser melhor ou pior que a realidade.
Vários sentimentos ruins vão surgindo e a criança pode até se considerarem culpadas pela situação. Mesmo estando no inÃcio da vida, a criança tem o direito de saber e compreender o que está acontecendo. O sofrimento inevitavelmente virá, fato que não podemos evitar porque nem tudo é como desejamos, mas com certeza a dor da mentira e de ter sido enganada será maior. A criança merece a sinceridade sobre a situação e o conhecimento sobre a decisão tomada pelos pais sobre a separação. A criança não deve ser exposta a agressões fÃsicas ou verbais entre os pais, independente de quem está certo ou errado e não deve ser um escudo entre ambos.
É preciso conversar com a criança numa linguagem acessÃvel de forma que ela precisa apenas saber o que está acontecendo, esclarecendo suas dúvidas e sendo assegurada pelos pais que ela continuará sendo amada da mesma forma, que não tem culpa sobre a separação e que foi uma decisão dos pais.
Toda esta situação não é confortável e a criança fica sujeita a feridas emocionais devido ao desgaste psicológico, porém, é fundamental que saiba que a rotina irá mudar mas a confiança, amor, carinho e atenção em nada se alteram.
É o único meio de tentar amenizar a dor da separação tentando conservar os aspectos bons que um dia os uniu. Após a tempestade com a sinceridade e respeito, a vida de cada um vai se adequando às mudanças.
O problema entretanto de quem tem filhos, tanto do primeiro como do segundo casamento,é que as crianças são,ao menos aparentemente, as grandes vÃtimas da nova situação.Hoje, diferentemente de há vinte anos atrás, as separações de casais e a formação de novas famÃlias tornaram-se muito comuns. Apesar de que na grande maioria dos casos, exista um sentimento de tristeza, de perda e dor em torno do perÃodo em que ocorre a separação, as pessoas envolvidas se recuperam mais facilmente também porque existe na sociedade atual menos tabus em relação ao fato e menos resistência para aceitar as novas uniões.
Conheço crianças que verbalizam o alÃvio que foi ver seus pais se separando, devido ao medo que sentiam dos gritos, brigas e ameaças. Nem sempre entretanto isso acontece! Há aquelas que arrastam por meses a tristeza e a saudade do tempo em que todos viviam juntos. Mas nos dois casos, a verdade é que toda a famÃlia passa por um perÃodo de luto devido a grande ruptura que uma separação causa. Cabe aos pais e familiares mais experientes, minimizar os prejuÃzos emocionais, que são inevitáveis, mas que podem ser bem administradas por quem é adulto e quer preservar seus filhos de sofrerem desgastes enormes e sem necessidade.
Uma providência importante é o casal tratar de explicar as crianças, a decisão tomada, em uma linguagem amorosa, sem rancores, de uma forma serena, clara. É importante fazer isso em mais de uma ocasião, no caso de crianças mais novas ,certificando-se assim que entenderam a situação e assimilaram a separação dos pais como algo que já aconteceu e que não dependeu dela. Procurar deixar claro que além de não haverem culpados e inocentes, os filhos não perderão o amor e a atenção deles.
Mas essa conversa perderá o efeito se os acontecimentos anteriores à separação contradizerem a mensagem que se quer passar. Assim, embora difÃcil em alguns casos, é importante fazer o maior esforço para não discutir, gritar ou perder a educação na frente das crianças. Embora triste esse é o momento exato para ensinar o que é respeito e dignidade pessoal aos filhos!
Questões sobre divisão de bens, pensões, etc, só podem ser debatidas quando as crianças não estiverem por perto, pois geram ansiedade e parecem mesquinharia para quem não tem idade de compreender a abrangência dos fatos.
Algumas medidas para proteger as crianças nesse momento podem e devem partir dos próprios pais, dentro e fora de casa:
1- No caso de intromissão de parentes, por exemplo, que quase sempre “defendem†um lado ou o outro, mostre diante de seus filhos, serenidade na sua decisão e sem transparecer ódios ou rancores, caso existam, pois as crianças ficam muito divididas internamente, angustiadas com aquilo que ouvem.
2-Caso os vizinhos, amigos ou parentes venham perguntar, ensine seu filho a responder que esse é um assunto dos pais dele, que sendo adultos sabem o que fazem.
3-Por mais que você esteja sofrendo, lembre-se de que a criança não pode ser sua confidente, pois não tem estrutura emocional para suportar também a sua dor, além daquela que ela mesma sofre.
4-Falar mal do conjugue? nem pensar em fazer isso na frente das crianças. Aliás, na frente de ninguém, com exceção de um terapeuta, é claro. Uma separação não tem culpados, tem responsáveis. E as razões que unem um casal muitas vezes acabam causando a separação: a admiração pelo grande executivo acaba por se tornar motivo para uma grande solidão, por exemplo. A beleza e sedução de um artista desapegado da vida material, pode ser difÃcil de suportar no dia a dia e acabar representando motivo de ciúme, de desgaste financeiro ….Importante é tentar resgatar na memória, os motivos para a admiração e aproximação passadas e procurar ver nessa pessoa, um dia tão amada, um amigo ou amiga e não apenas o conjugue egoÃsta , sonhador, aproveitador, etc. Melhor para os filhos e para seus pais e familiares procurarem ver as qualidades uns dos outros, antes de apontarem seus defeitos e fazerem deles um escudo.
Um outro momento, depois que a vida retomou a rotina, é a constituição de um novo relacionamento. Acredito que apresentar o novo namorado/namorada aos filhos, deva ser um passo muito bem refletido, a ser dado depois de certo tempo de convivência e conhecimento do outro. Há pessoas que embora adultas, por exemplo, não conseguem suportar a rejeição inicial que esse tipo de aproximação provoca. As crianças pequenas ficam confusas com medo de perder a mãe ou o pai para terceiros e além disso, se ainda tem esperanças de ver os pais juntos(o que é freqüente),ficam muito enciumadas. Isso só vai adiar a aceitação do novo conjugue e não trará qualquer ganho para a criança. E sobre esse assunto , seguem dois lembretes: sendo apenas namorado(a), ele ou ela não podem pode interferir na educação do pequeno mais do que qualquer amigo ou amiga dos pais!Assim também não existe novo pai ou mãe, a não ser que a criança seja pequena e surja uma afinidade muito grande entre eles. O que existe é a realidade: o marido da mãe ou a esposa do pai, que devem ser respeitados como todos os adultos devem ser pelas crianças.
A guarda compartilhada se bem organizada e aceita é uma boa saÃda, mas tudo vai depender do equilÃbrio emocional dos pais e do amor aos seus filhos (e não à si próprios), que os adultos demonstrarem após a separação.Ter convÃvio com os dois biológicos, assim como com o resto da famÃlia de ambos,  deve ser algo liberado para a criançada. Afinal, foi o casal que se separou!
Mas o tempo, não resguarda ninguém das novidades: em muitos casos, o filho fica com a mãe após a separação, e quando cresce, quer morar com o pai. Isso pode ser doloroso mas é preciso serenidade e bom senso para compreender e aceitar a mudança que deve ser encarada desde cedo como uma possibilidade real de escolha do filho e não como um abandono. Se o casal mantiver boas relações sociais entre si, essa situação não será tão dolorosa para ninguém! A criança normalmente quer sentir como é vivenciar novas situações e essa é uma delas! A vida emocional da criança e do adolescente cujos pais encaram civilizadamente a separação é muito mais tranqüila, seu desenvolvimento ocorre da maneira harmoniosa e a escolaridade não passa a ser algo custoso ou mesmo motivo de chantagem para obter a atenção dos pais.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
O Adolescente por Ele mesmo
(Record)
Tania Zagury.
Quando os pais se separam
Uma terapia para a criança
(Editorsa Paulus)
Emily Menendez-Aponte
Quando os Pais Se Separam
(Â Zahar)
Dolto, Francoise
Quando os Pais Se Separam
(ARTES MEDICAS SUL)
Heegaard, Marge